Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Ventos de mudança...

tumblr_lsr6rtnc3v1qe3mlko1_500.jpg

Fevereiro está a chegar e vai trazer mudanças na minha vida. 

E eu sei que temos de ver ser o lado positivo de todas as coisas e esta até tende a ter um elevado grau de positividade, mas é uma mudança e todas as mudanças exigem adaptação, aceitação, abandono e coragem. Eu ainda não cheguei à fase da aceitação total porque, como em todas as mudanças na minha vida, ainda não percebi se me vai fazer sentir bem ou não, se me vai motivar, se me vai deixar dar o melhor de mim...isto, e ainda não ter sido capaz de aceitar o que vou deixar para trás, que tanto trabalho me deu a construir mas de que me tanto me orgulho. O problema de tudo isto é que ainda não aprendi que quanto mais nos damos, mais custa cortar o cordão umbilical...

Haja coragem e força para confiar. 

1 de Setembro 2015 - a mudança

10247455_950491498352080_6229698394825907776_n.jpg

imagem roubada do facebook de "as9nomeublog"

   É hoje.

   Oficialmente, coordenadora de um dos nossos centros sociais.

   A palavra de ordem é apenas uma: gestão. De equipas, de trabalho, de dinheiro, de idosos, de actividades, de processos, de papelada, de problemas, de stresses, de sucessos, de alegrias...

   É isto e calma. Muita calma.

   Respira fundo. Vai.

 

Em pré-época

11222016_949981068403123_8692792741230061701_n.jpg

imagem roubado do facebook de "às9nomeublog"

    As despedidas estão feitas. Foram feitas. Todas. Coração ao alto. Ou ao lado. Foi difícil. Foi. Mas todas as palavras que recebi foram de carinho e de certa forma de amor. Aquela espécie de amor que uma profissão que nos obriga a trazer vidas dentro de nós nos ensina.

   Esta semana é uma espécie de "pré-epoca" para o meu novo cargo. Apesar de a mudança oficial ser a 1 de Setembro, esta semana será já toda passada no meu novo espaço, com a minha nova equipa, os meus novos idosos, os muitos desafios que se colocarão... A "casa-mãe" é a mesma, mas tudo é novo para mim. As mudanças podem ser boas e esta terá de ser boa. Entretanto levo comigo todos aqueles que tanto me deram até hoje e sei que, tal como todos prometeram, tenho muitos a torcerem por mim, até a rezarem por mim! O que posso pedir mais?? Só isto. E força.

Dos meus dias difíceis

   Nunca equacionei realizar o meu trabalho de psicóloga sem criar relações/ligações com as pessoas que encontro. Já aqui escrevi sobre isso noutra altura e nesta fase profissional em que me encontro percebo mais do que nunca que essa era, apesar de tudo e de todas as indicações para fazer precisamente o contrário, a única forma de fazer o meu trabalho bem feito. 

   O ser humano vive de relações e ligações. Muitas das pessoas junto das quais exerço as minhas funções não têm uma rede social ou de ligações forte. Muitas não têm sequer qualquer tipo de relações para além das que estabelecem com as pessoas que lhes prestam algum serviço. Durante este 4 anos e meio de trabalho na instituição enquanto psicóloga criei relações com muitas pessoas, especialmente idosos, que hoje sei que eram relações verdadeiras e fortes. Nesta altura de mudança de funções, interromper essas relações é um imperativo. Comunicar a quem se habitou a ver-me como um membro da família e alguém em quem podiam confiar o que muitas vezes não confiavam a mais ninguém que vão deixar de me ter tem sido duríssimo. Ver nos olhos dos que acompanho que já sentem a minha falta, que ficam decepcionados, tristes, alguns até mesmo chateados, é algo que difícil de gerir interiormente. Mas é também a prova de que estava a fazer o meu trabalho da melhor forma possível; que dei o melhor de mim, que dei muito de mim, mas que não me arrependo. Não podia ser de outra maneira. Não podia ser com outra intensidade. Estive lá para eles. Não sempre que eles precisavam, mas estive muitas vezes. E é por isso que é tristeza que eu vejo nos olhos deles por estes dias. Mas também é por isso que todos eles, sem excepção, me dão os parabéns, me desejam o melhor deste mundo e do outro em sucesso e felicidade e transmitem a sua alegria por me verem "subir de posto". 

   Criar relações também é isto. Também é ficarmos tristes e felizes ao mesmo tempo com uma mudança e transmitirmos isso ao outro. Ser psicóloga é isto. É dar uma parte de nós ao outro que precisa; é ficar com uma parte do outro em nós; é criar uma ligação que quando tem de levar um ponto-e-vírgula (porque eu não gosto de pontos finais, muito menos parágrafos) que nos deixa o coração e a alma duplamente apertadinhos: de tristeza pelos que deixamos e de alegria por levarmos cá dentro tanto de tantos, com a certeza de termos feito a diferença na vida de alguém. E a mim, é isso que me move. 

Mudanças

Acontecem de quando em quando na nossa vida e aquelas que chegam sem avisar e sem se fazer em prever, são as que mais mexem connosco mas que também se tornam as mais significativas.

Profissionalmente estou numa fase de mudança. Não de mudança de emprego ou de local de trabalho, mas mudança de funções. No mês de Julho fui nomeada pelo Conselho de Administração da instituição em que trabalho há cerca de 4 anos e meio, coordenadora de um dos nossos centros sociais. Pondo a coisa em palavras diretas e simples e como todos gostam de falar sobre isto, fui promovida a directora ou responsável ou o que quer lhe querem chamar de um centro social. Digo “como todos gostam de falar sobre isto”, porque eu ainda não consigo encarar esta situação como uma mera promoção ou valorização. Esta decisão foi-me comunicada no final do mês de Julho e desde então vivo num misto de emoções tão instáveis que às vezes não me é fácil gerir internamente tudo isto. Por um lado é inegável que tenho de ver nisto uma forma de valorização do meu trabalho. Estou lá há 4 anos, fiz o meu trabalho o melhor que pude, esforcei-me diariamente, dei o meu melhor e sem nunca sequer sonhar ou aspirar a esta posição, cheguei lá. Ou fui surpreendentemente lá colocada. Por outro lado, não consigo deixar de me sentir triste, e triste é mesmo a palavra, por ir deixar a pasta de psicóloga um pouco de lado, para me dedicar há coordenação e gestão de um centro, de uma equipa e de vários serviços. Deixar o meu trabalho é o que mais me está a custar. Mas principalmente deixar os meus velhinhos, com os quais fui criando relações para lá de profissionais e que, apesar de todos ficarem contentes quando lhes comunico o sucedido, não deixam de lamentar e partilhar a sua tristeza por esta despedida. A acrescentar a isto há a habitual ansiedade e receios por ir fazer algo completamente novo e diferente, que me vai obrigar a uma aprendizagem intensiva e exaustiva de todo um mundo novo que nunca foi o meu.

 É certo que funções de direcção/coordenação de centros sociais é uma das funções que um psicólogo pode assumir e se me perguntavam se eu um dia gostava de ser diretora técnica claro que respondia que sim. Eu sou ambiciosa, saudavelmente ambiciosa, sempre quis mais para a minha carreira e sentir que nos últimos meses a minha posição na instituição tinha estagnado um pouco, causava-me dias em que me assaltava um estado tal de desmotivação que me chegava a desesperar ao ponto de ter a certeza que não poderia fazer isto para o resto da vida. Afinal a mudança e a agitação chegaram quando eu menos esperava. Ainda não consigo sentir-me totalmente feliz com ela, mas sei que vou chegar lá. Preciso de começar (oficialmente será apenas a 1 de Setembro), ambientar-me, adaptar-me e perceber que todos os receios que tenho tido são inúteis, apesar de naturais. É claro que eu vou saber o que fazer, é claro que eu vou aprender tudo direitinho, é claro que eu vou saber “mandar” (meu deus, mas eu sempre disse que não nasci para mandar!!!), é claro que vamos fazer um bom trabalho, é claro que vai haver dias difíceis, mas é claro que os vamos ultrapassar.

Eles são os tais

 

Quem diria que iamos chegar aqui
E ter uma vida séria como eu nunca previ
E é tão bom acordar de manhã olhar para ti
Antes de ir bulir naquilo que eu sempre curti

Ai há bebé
Somos os tais
Ai há bebé
Que viraram pais
Ai há bebé
Firmes e constantes
Ai há bebé
Produzimos diamantes
E a nossa filha já vai ter um mano ou mana
Ainda ontem mal abria a pestana
Quero uma ilha catita com uma cabana
Porque amor já tenho a montes o algodão não engana
Foi contigo que eu matei tantos demónios
Foi contigo que salvei tantos neurónios
Vejo-nos felizes citadinos ou campónios
Não fiques muito triste por não gostar de matrimónios
Tens o anel não precisas do papel
Fazemos nós a festa até te canto o Bo Te Mel
Desta vez eu tiro a carta nem que leve um ano ou dois
Por enquanto continuas conduzes pelos dois

 

   Duas coisas sobre esta música: uma bela declaração de amor e uma valente chapada na dita sociedade responsável. 

   Passo a explicar rapidamente: é fácil apontar o dedo aos jovens irresponsáveis, que querem é fumar umas ganzas e curtir um som e que pensam que a vida vai ser sempre isto, ou seja, nada! É fácil pensar que nunca sairão daquilo, que nunca serão ninguém, que são a "geração rasca" (quando ainda não pensava nisso de estar à rasca), que serão sempre yas e yos de boxers à mostra e boné na cabeça. É mais fácil pensarmos assim que acreditarmos que essa forma de vida poderá ser apenas uma fase, que poderá ser crescimento, independentemente de concordarmos com ele ou não, já que não precisamos de nos identificar com ele, pois o que não é a nossa vida não é para ser tomado como nosso numa perspectiva de gosto/não gosto. É difícil acreditar que aquela cambada de irresponsáveis, hoje, seja quanto tempo depois for, se tornaram adultos responsáveis, que souberam juntar a cabeça ao corpo e membros. Que ganharam juízo, encontraram o caminho, aprenderam o que tinham a aprender com as eventuais asneiras que fizeram (ainda que possam ser asneiras apenas para nós). 

   O ser humano tem uma incrível capacidade de mudança. E de aprendizagem. Sobretudo de aprendizagem. Ninguém é um jogo com uma só solução. Ninguém tem um caminho traçado, um final inevitável, um destino inalterado. E acima de tudo, ninguem, ninguém é, eternamente, aquilo que hoje é ou aquilo que os outros julgam que ele é. 

   Eu gosto destas mudanças radicais, destes "abrir a pestana", destas chapadas que deixam marcadas na cara a frase "eu posso ser mais do que aquilo de que me julgas capaz". E a declaração de amor onde fica? Fica bem clara:  Foi contigo que eu matei tantos demónios/Foi contigo que salvei tantos neurónios/Vejo-nos felizes citadinos ou campónios. Porque muitas vezes o amor pode mesmo salvar-nos, ser a solução, ser o caminho, ser o abre-olhos, ser aquilo que nos faz mudar e nos torna aquilo que hoje somos. 

Estamos em mudanças!

   Amanhã mudamos definitivamente para a casa nova, por isso hoje e amanhã e depois e depois e depois serão exclusivamente dedicados à difícil tarefa de nos organizarmos numa nova casa. Para além de termos de esvaziar uma casa nestes dois dias, temos de tentar organizar tudo durante estes dias de férias que vou ter até 3ª feira.
   E com isto das mudanças, estarei provavelmente ausente da blogosfera durante uns dias, já que aguardamos a instalação de televisão-telefone-internet. Vai ser um teste às vivências dos tempos modernos - uns dias sem net (a televisão não me incomoda nada, nada) e com tanto para contar.
   Ora então, até já e aí será live from new house:)

Primeiro dia oficial de mudanças

   A coisa promete! É tudo o que tenho a dizer depois deste primeiro dia de mudanças, que já me deixou completamente K.O. Ainda está tudo muito no início e ainda há muitos limpezas por fazer, por isso as coisas começam a ir a menos de meio gás, especialmente porque as mobílias principais continuam por cá (e eu continuo sem ideia absolutamente nenhuma do tipo de mobília a comprar para o meu novo quarto). Esperamos fazer todas as mudanças nas próximas duas semanas, aproveitando uns diazitos de férias que vou ter no início de Maio.
   Tirando o cansaço, tudo isto é muito giro!