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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Quando uma cama sempre foi para um, não é fácil passar a ser para dois

   Tenho em mim uma característica desde pequena: não gosto de dormir acompanhada. Quando se é menina e principalmente filha única a coisa resolve-se bem e não é problema de maior, mas quando se começa a crescer e a ver bem de perto a possibilidade de partilhar a cama com alguém diariamente este pequeno pormenor ganha dimensões gigantescas. Muitos poderão dizer "é uma questão de hábito", mas o que é certo é que, ainda que não tenha companhia nocturna diária (um gato, pelas dimensões, não conta), as noites em que durmo acompanhada (e sim, é sempre a mesma companhia) são as minhas piores noites. Primeiro porque, que há muito não sei o que é ter dificuldades em adormecer, estou tempos doidos a aguardar a chegada do sono ( e diz ele que falar não ajuda, por isso tenho de estar caladinha, ora de olhos fechados ora de olhos abertos a olhar para a escuridão, a pensar na vida, que é tudo o que eu não gosto de fazer na cama). Segundo porque tenho uma noite pessimamente mal dormida, com despertares constantes e frenéticas mudanças de posição (sim, porque eu sempre fui daquelas que de cada vez que muda de posição desperta), quando eu sou aquela pessoa que só desfaz um cantinho da cama e é mais sossegada a dormir que um urso a hibernar. 
   Eu sei que o defeito é meu, mas pelo sim pelo não já o fui instruindo com regras básicas do meu sono de beleza, que deverá incluir sempre uma leitura pré-dormida e que não pode, de todo, contar com momentos lamechas de "vamos dormir bem agarradinhos" ou "dá cá a tua mão para dormirmos unidos". Comigo na cama para dormir é para dormir e por isso tem de ser cada um no seu espaço saudável de sono, ou seja, cada um no seu canto (vestir um pijama polar é o segredo para ele fugir para o cantinho dele...diz que fico demasiado quente...) e "beijinho e até amanhã". Ele já começa a perceber como é que o meu sono funciona, embora não haja uma noite a dois em que, a meio de um soninho, não desperte com um "estás a dormir?" ao qual nunca respondo verbalmente mas perante o qual o insulto em silêncio. O resto é culpa minha, das minhas rotinas e do meu sono. E esper, sinceramente, que seja mesmo uma questão de habituação, senão antevejo um futuro negro: camas separadas...alguém no sofá...ou muitas olheiras pela manhã!

Looking for connections

   Está na essência do ser humano esta busca constante por ligações... O ser humano precisa de se sentir e de se saber ligado a algo ou, principalmente, a alguém. Precisa, acima de tudo, de saber que existe alguém, ainda que não sempre presente, que estará sempre lá. 
   No mundo actual as relações são cada vez mais frias e distantes. Vivemos numa sociedade em que tudo está à distância de um click, incluindo as relações. É por isso normal para algumas pessoas que esta busca por ligações/relações seja também ela virtual e se sintam confortáveis com tal. A imensidão de redes sociais que hoje existem ajudam em muito nisto, ou serão mesmo as responsáveis. Tudo se tornou artificial e o homem está de tal forma corrompido por estas visões da modernidade que já se acomodou a relações virtuais. Se antes não passava sem estar com os amigos, hoje não passa sem lhes cuscar o perfil no Facebook. Se antes sentia necessidade de ligar a alguém para lhe contar istou ou aquilo, hoje tudo se resolve em 150 caracteres ou menos. Se antes chorava no ombro de um amigo, hoje os ombros são frases escritas num ecrã de computador partilhadas em grupos de ajuda online...and so on and so on...resumindo, se antes estavamos cá uns para os outros, hoje estamos online/offline. E isto parece que nos basta, embora esteja totalmente errado e seja completamente não-humano. 
   Tudo era bem mais simples e verdadeiro e intenso e sincero (e humano) quando as pessoas sabiam estar umas com as outras e as redes sociais não nos facilitavam a socialização. De repente, desaprendemos a estar com alguém real e passamos a perder horas em frente a ecrãs que nos mostram apenas aquilo que alguém quer mostrar e nunca a realidade. Se perdemos a nossa essência? Talvez. Não perdemos a essência da busca por ligações; não perdemos a necessidade de aceitação social, a necessidade do contacto social, a necessidade de ter um outro para além de nós. Simplesmente deixamos de saber procurar o outro de carne e osso e de saber estar em relações "à moda antiga", que era a verdadeira e única forma de se fazerem estas coisas de estabelecer relações entre pessoas tão diferentes mas que se precisam tanto. Afinal, já dizia o livro, ninguém morre sozinho. Mas as relações dos tempos modernos são cada vez mais solitárias...
 Quanto ao filme, vale a mesmo a pena. Uma agradável surpresa e um abanão nesta história da procura de ligações, virtuais ou não, o do que daí pode resultar. 

Corpo perfeito vs amor perfeito

 
   Diz um estudo de uma psicóloga americana (julgo eu!) que atualmente as mulheres se preocupam mais com o seu corpo do que com o seu estado civil. Ou seja, para nós, é mais importante a imagem que vemos refletida no espelho, do que ter alguém ao nosso lado. Este estudo acrescenta ainda que, ser gorda é visto como sinal de desleixo e descuido, ao passo que ser solteira é visto como sinal de independência.
    Independentemente de concordar ou não com as conclusões do estudo, o meu olhar sobre o mundo feminino leva-me a acreditar que estas conclusões correspondem realmente à realidade atual. A sociedade está totalmente obececada com o factor corpo perfeito e nunca, como antes, tudo o que promova o emagrecimento (ainda que fictício, na maior parte dos casos) esteve tão na moda. O negócio do emagrecimento é provavelmente dos mais lucrativos da atualidade, provavelmente muito mais lucrativo que um restaurante que ofereça jantares há luz das velas em lugares de sonho. A mulher de hoje vive em função da imagem, por muito que o negue ou aparente desvalorizar. Poucas serão as mulheres que não se roem de inveja perante os corpos perfeitos de uma Irina ou Gisele. E quantas dessas mulheres se roerão de inveja perante os companheiros dessas musas? O que é mais fácil para nós, mulheres: desejar o corpo de uma fulaninha ou o namorado da fulaninha??? Resposta fácil, não?
   Mas parando um bocadinho para pensar, o que será melhor: ter o corpo perfeito ou ter uma relação que, nunca sendo perfeita para não se tornar aborrecida, nos dá precisamente aquilo de que precisamos, porque temos ao nosso lado alguém que gosta de nós todos os dias e com todas as imperfeições e gosrdurinhas localizadas...resposta ainda mais fácil, não?
   Somos mulheres, que podemos fazer?