Se calhar sou só mais uma a falar nisto...
Vou ser breve e muito direta, sem pedir desculpas a ninguém. Eu sou psicóloga. E enquanto psicóloga seria DE TODO INCAPAZ de participar num programa deste género. Pelo tipo de programa que é, pela ridícula exposição das crianças e pela dignidade e seriedade da minha profissão. Não pode caber na cabeça de alguém minimamente inteligente e racional que este tipo de "coisa" seja sequer considerado intervenção profissional e clínica. Ninguém no seu bom senso pode acreditar que os graves problemas de disciplina que ali são expostos se resolvem assim, em programas de 60 min, com aquela facilidade, com aquele happy ending de "e viveram felizes para sempre". Se tudo fosse assim tão simples, nós psicólogos e todos os especialistas na educação teríamos um trabalho muito facilitado e absolutamente maravilhoso. Acreditem, fora da televisão é tudo bem menos bonito e bem mais difícil. Não vou sequer entrar pela suposição de que algumas daquelas cenas são encenadas. Sendo ou não, vou conhecendo a realidade e sei que ela pode ser assim dura e violenta e incompreensível ao ponto de nos fazer acreditar que aquilo parece realmente um filme. Mas analisando isto por um outro prisma, apetece-me dizer que eu não sou mãe, mas se o fosse, se o fosse verdadeiramente, nem sequer ligava a televisão para ver este programa. Se eu fosse mãe, NUNCA sequer equacionaria a hipótese de expor alguém a este tipo de formato, muito menos alguém que é meu filho, que eu devo proteger a todo o que custo e que não pode manifestar a sua opinião acerca desta exposição que lhe é imposta. Não me surpreende que o canal televisivo português aposte em programas deste género, principalmente num Domingo à noite. Na televisão já nada me surpreende. É certo que quanto mais polêmico mais audiência e cada um joga com as armas que tem. O que me surpreende é ver que existem "pais" e "profissionais" (sim, com """) que compactuam com isto. Isso sim é vergonhoso. Ponto.