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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Diz-me o que postas, dir-te-ei quem és

«Hoje disparamos a torto e a direito, literalmente. Para o bem e para o mal. Fotografamos, fotografamos, fotografamos. E postamos, postamos, postamos. Uns mais que outros, como em tudo. (...) Somos convidados a partilhar a cada momento os nossos estados de espírito, as nossas actividades, a companhia escolhida, e em simultâneo acedemos às partilhas dos outros. Por vezes podemos perder a noção dos riscos de exposição virtual da nossa intimidade.»

   Novamente a revista LuxWoman de Março a fazer-nos pensar sobre estas questões de tornarmos a nossa vida pouco nossa/privada.

   O que normalmente (e antigamente) partilhavamos com um grupo restrito de pessoas, que eram da nossa confiança e conhecidos "de longa data", hoje expomos em qualquer rede social, em busca do maior número possível de views e likes. Estaremos, desta forma, a desinvestir nas relações pessoais? Ou estaremos apenas a aproveitar-nos da facilidade com que podemos manipular a nossa imagem nas redes sociais (sim, porque só mostramos aquilo que queremos mostrar, ao contrário da vida real, onde mostramos aquilo que realmente temos para mostrar)?

   E não estaremos, sobretudo, a criar uma imagem de nós próprios que não corresponde à realidade, mais numa de "és aquilo que mostras", do que "és aquilo possuis"? Ao postarmos tanto e tanta coisa da nossa vida, permitimos que se trace uma espécie de perfil psicológico com base em fotos, estados, comentários ou posts, que poderá não corresponder àquilo que nós, enquanto pessoa sem fotos, estados, comentários ou posts, somos.

   E porque é que de repente desatamos todos a tirar fotografias a nós próprios, com o único intuito de as tornarmos públicas? Estaremos a revelar estrondosos traços narcisistas, ou estaremos apenas à procura de aprovação por parte dos outros?

«Além de podermos criar uma imagem fabricada de nós mesmos, podemos acabar por ficar muito autocentrados no nosso pequeno universo, com partilhas de pensamentos, banalidades, actividades...Quando estamos a vivenciar determinada experiência, se nos distanciamos para a partilhar em tempo real nas redes sociais, uma parte de nós deixa de estar presente nessa experiência.»

   Parece-me que está na hora de voltarmos aos tempos antigos e nos centrarmos mais em viver os momentos, sem nos preocuparmos em tirá-los do nosso mundo para o mundo virtual que nunca será verdadeiramente o nosso mundo.

No dia nacional da imprensa

   "E vocês, continuam a comprar jornais/revistas nas bancas ou já se renderam completamente à era digital?"

   A minha resposta é automática: ainda e sempre compradora de qualquer tipo de leitura no seu formato original - papel, sempre e para sempre o papel. Não consigo habituar-me a desfolhar uma revista com um simples deslizar de dedo num ecrã, sem ouvir o barulho das páginas a virar ou até mesmo ver que saltamos duas páginas de uma só vez. Não consigo ler um jornal sem ficar com as mãos manchadas. Não consigo, absolutamente impensável, abrir um livro e não lhe sentir o cheiro a livro, a novo e a usado. Não consigo não poder dobrar as páginas daquela revista que me chamaram a atenção por algum motivo e, sobretudo, não consigo não poder sublinhar com um lápis aquelas frases dos livros que nos dizem mais que as outras. Nunca uma biblioteca digital será tão bela quanto as nossas estantes de livros ou as nossas revistas empilhadas em cima de uma mesa. Nunca nenhum tablet irá ficar tão bem pousado na mesinha de cabeceira quanto os nossos livros ficam. 

   Por tudo isto e muito mais que tornam as versões em papel muito melhores que qualquer tecnologia de última geração, hoje e sempre, sim ao original, sim ao papel e guerra a esta modernizações que nos tiram o estado puro e original das coisas.