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1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

1001 pequenos nadas...

...que são tudo, ou apenas esboços da essência de uma vida entre as gentes e as coisas, captados pelo olhar e pela mente livre, curiosa e contemplativa. Por tudo isto e tudo o resto: É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Violência em tempos de cólera

   Em pleno século XXI, quando tudo é inovação e modernidade, a violência é gratuita, indiscriminada, mais irracional que nunca e pública. E isto só pode ser assustador. Ver ou sabermos de um ser humano a agredir outro ser humano tornou-se notícia diária, ao ponto de a surpresa e o choque começarem a ser substituídos por um "mais um caso?". Qualquer motivo parece suficientemente forte para se agredir alguém, como se a violência alguma vez tivesse ou merecesse justificação e as situações em que essa violência termina em morte são cada vez mais e mais estúpidas. Mais do que nunca, a violência entre semelhantes é a notícia do dia, todos os dias, no mais variados contextos. E eu não sei se é do tempo, que parece ter costas largas para tudo, se é a crise, outra que tem de ter as costas muito largas, se é qualquer coisa que anda no ar, se é o stress, a pressão, a tensão, as amarguras da vida... não sei sequer se é alguma coisa que se consiga explicar, porque compreender torna-se muito, muito difícil. O certo é que, o que quer que seja, é grave, muito grave. É a manifestação do pior que o ser humano tem em si; é um retorno aos primórdios da história, um regresso ao tempo em que éramos pouco mais do que animais que andam em duas patas em vez de quatro. E é assustador, tão assustador, pensar onde é que este mundo e esta raça, que se diz superior e racional, vai parar, arrastando-nos com ela para locais demasiado negros, nós que ainda pertencemos àquele grupo de seres humanos que se preocupam com os outros e valorizam a vida e o viver.  

Electronic Bullying

   Os adolescentes dos nossos dias representam a primeira geração a crescer numa sociedade na qual a Internet e outras tecnologias fazem parte da rotina diária. A Internet permite o acesso rápido a uma quantidade infindável de informação e cria novas possibilidades e ambientes de aprendizagem e descoberta. Um artigo lido recentemente alertou-me para o facto de essa mesma internet criar também novas oportunidades de violência. Ao tradicional bulliyng, a ameaça ou agressão de uma criança por parte de outra, junta-se agora o moderno "bullying electrónico", aquele bullying em que os agressores utilizam as novas tecnologias para assustar, ameaçar, insultar, intimidar ou difamar um colega. Estes novos "bullies" servem-se das sms, emails, chat rooms ou páginas da web para "atacar" as suas presas, seja através de palavras ou através de imagens e fotos, que se encontram à distância de um clic num botão do telemóvel.

   As vítimas sofrem, muitas vezes, duplamente. Na escola têm o frente-a-frente com os seus agressores e em casa, o porto de abrigo para muitas destas crianças, continuam a sofrer através de um computador ou de um telemóvel. Tudo isto acarreta riscos emocionais e psicossociais. São comuns os níveis elevados de stress, o isolamento, sentimentos de embaraço, vergonha e humor deprimido.

   Com a evolução imparável das novas tecnologias, com a facilidade de acesso a essa tecnologias por parte das crianças e jovens e com a negligência por parte de muitos pais relativamente ao controlo do uso dessas tecnologias pelos seus filhos, temos os ingredientes ideias para uma nova forma de violência, facilitada pelo anonimato que proporciona e pelas dimensões que pode atingir . Não é só a Internet que pode ser um perigo para as crianças. As próprias crianças podem ser um perigo para a Internet, servindo-se dela para assombrar a vida de outras colegas. E esses continuam a sofrer. A silêncio na maioria dos casos. Embaraçados, envergonhados, amedrontados. Sozinhos. Ameaçados a qualquer hora do dia, em qualquer lugar.

   E a questão impõe-se: como livrar estas crianças desse sofrimento? Como pôr termo a este tipo de violência do século XXI, que está apenas à distância de um Enter?

Sofrimento em lista de espera

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

           Um homem é vítima de assalto, violência, tortura e tentativa de violação.  Sozinho não é capaz de seguir a sua vida depois desta experiência traumática. Desloca-se a uma instituição do Sistema Nacional de Saúde onde pede apoio e acompanhamento psicológico. A resposta: "Se esperar 6 meses pode ser que haja resposta ao seu pedido."

           E eu questiono-me como é que alguém, como é que algum técnico de saúde mental, como é que algum psicólogo, é capaz de dizer a um ser humano em sofrimento justificável "Espere 6 meses (e entretanto continue a sofrer, porque ouvimos dizer que isso nos torna mais fortes)"?

A escola está louca

Evidência nº 1: 

          Professora leva murro de aluno - Um aluno do 8º ano, de 15 anos, com antecedentes por mau comportamento, agrediu com um murro na cara uma professora de 42 anos que procurava persuadi-lo a entregar um telemóvel que tinha tirado, à força, a um colega mais novo. 

 

Evidência nº 2:

      Aluno dá 3 facadas a colega da escola - Um desentendimento entre dois colegas de turma, anteontem à tarde, na Escola Básica 2/3 de Alcabideche, terminou à facada. Um dos estudantes ficou gravemente ferido e teve de ser transportado para o Hospital de Cascais.

 

Evidência nº 3:

          Pais agridem e insultam - Uma professora do Básico, de 38 anos, queixou-se à GNR de Samora Correia (Benavente) por ter sido agredida e injuriada pelos pais de um aluno que tinha repreendido durante uma aula.

   Uma questão invade o meu ego...perante tal panorama, como é possível existerem tantos psicólogos no desemprego, hum?

A geração Chutos e Pontapés

 

   Miúdo de 13 anos. Mais uma vítima de violência física e verbal por parte dos colegas da escola. Os motivos existem apenas nas cabeças dos agressores, e por isso, achavam-no o alvo perfeito. Era magro demais para a idade, pequeno demais, com a voz demasiado aguda para um rapazinho de 13 anos e o cabelo demasiado escasso. Demasiado doente...13 anos, infindáveis sessões de quimio e radioterapia assombraram-lhe a infância. Um tumor cerebral tornou-se o "bicho mau" desde os primeiros anos de vida. Um tumor cerebral despoletou toda uma série de palavras e actos que atingiram este miúdo com a força devastadora de uma tempestada interior. Á dor física juntou-se a dor emocional e o medo, e mais uma batalha precisava de ser vencida. Mais uma vez saiu vencedor. 

   Não é caso único. A violência praticada por crianças e jovens a outras crianças e jovens é cada vez mais significativa e preocupante. Surgem nas fases cruciais de desenvolvimento e formação de um ser e podem deixar marcas profundas. Há que intervir o mais precocemente possível. Há que denunciar, estar atento, detectar. E há que ajudar estas crianças - os bons e os maus, porque os dois precisam rapidamente de ajuda.